terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Paixão de Torcedor - Príscilla Brasileiro

               
 "Em 3 de fevereiro de 14 , o céu do Recife se enfeitou. Uma nova estrela  brilhou naquele dia, nascia o meu tricolor! Meu Santa, meu Santa Cruz! Que tanto nos encanta e seduz (...)". Em uma época onde o futebol era elitizado, cheio de preconceitos, o Santa Cruz surgiu ganhando a admiração do povo exatamente por ir contra a todos esses preceitos sociais da época.  O Santa Cruz jogava em campo aberto, não fazia acepção de jogadores por conta da raça, isso tudo chamou atenção da população, do povão como gostamos de chamar. 
                Parte da minha família tem origem no bairro do Arruda, então ouço muitas histórias sobre o Mais Querido desde pequena. A história do Santa Cruz está na história de Pernambuco a na história de vida de toda a população. Fui criada na zona norte, bairro próximo ao Mundão do Arruda também.  Quando mais nova, chegava a me assustar quando tinha algum jogo, tamanha era a festa na minha rua. Eu, inicialmente, não sentia muita simpatia por futebol. Ouvia de muitas pessoas da família que ir ao estádio era perigoso. Meu pai não frequentava mais o Arruda por conta de um acidente em um clássico, minha tia e ele haviam se machucado na época. Mas não tem jeito, o sangue sempre fala mais alto. Com 8/9 anos comecei a acompanhar os jogos pelo rádio sozinha. Quando tinha algum jogo na TV também assistia. Pedi ao meu pai minha primeira camisa, logo em seguida pedi para ir ao Arruda assistir a um jogo. A camisa? Recebi. Ir ao estádio? Fui enrolada durante um bom tempo (risos).
                Em 2003, no mês do meu aniversário, pedi ao meu pai: "pai, como presente eu quero ir a um jogo do Santa Cruz no Arruda", ele não teve muito o que fazer dessa vez e no dia 13.09.03 (dia do meu aniversário) eu fui ao Arrudão pela primeira vez. Daí para frente não parei mais. Jogo, treino, encontro com os amigos, tudo me levava/leva ao Arruda.
                Eu, sinceramente, não consigo transmitir em palavras o que o Santa Cruz é na minha vida.  É mais que um clube, é algo presente no meu cotidiano. E sei que é assim na vida de outros torcedores corais também. Passamos por momentos complicadíssimos de 2006 a 2013, muitos achavam que o Santa Cruz não iria sobreviver. Má administração por anos, disputar a série D e a série C do campeonato brasileiro, com eliminações precoces, inclusive. Mas o Santa Cruz é o povo, cada queda, cada dificuldade nos uniu mais ainda ao longo dos anos, nos mostrou que a torcida carregará o clube e passará por cima de todas as adversidades.  Porque algo que veio do povo vai permanecer no povo sempre.
                2014, ano do centenário do Mais Querido, do meu Santinha, não estou em Recife. Mas o Santa Cruz permanece em mim pra onde quer que eu vá. São 100 anos de povão, de alegria, de emoção.   "O Alvinegro e depois Tricolor não olhava para o bolso, cor da pele nem profissão de ninguém. Abraçou quem quis segui-lo. Um abraço que perdura por gerações (...)" . Obrigada, Santa Cruz Futebol Clube, por fazer parte da minha família, do meu cotidiano, do meu ciclo de amizades, da minha vida, por fazer parte de mim. Cada ida ao Arruda, cada abraço na hora do gol, seja em um conhecido ou em um estranho, cada sorriso na rua quando alguém me vê com a camisa coral, cada história contada pelo meu pai nas arquibancadas, cada pergunta leiga da minha mãe (que mesmo sem entender muito de futebol te segue da mesma forma), me faz sentir o que é ser Santa Cruz.  Diante disso tudo eu só posso dizer que eu te amo, Santa Cruz Futebol Clube. Obrigada por existir.

Priscilla Brasileiro

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