quarta-feira, 12 de março de 2014

Racismo ou provocação?

O futebol é o reflexo da nossa sociedade, seja na alegria, na violência e até mesmo no preconceito. Recentemente diversas atitudes preconceituosas vêm causando polemicas no futebol brasileiro. A primeira por assim dizer, foi a do caso Tinga, no Peru. Depois disso ocorreram outras como a do juiz no Campeonato Gaúcho e com Arouca no jogo do Santos contra o Mogi Mirim. Entretanto, até aonde estas atitudes são racismo ou provocações de jogo ao adversário?
                De uma maneira moralista é ridículo pensar que atitudes preconceituosas podem ser apenas uma “provocação” esportiva, mas no fundo toleramos algumas coisas e abominamos outras. Um grande exemplo é o racismo e a homofobia. Enquanto um é crime inafiançável o outro é tolerável ao ponto de vermos brincadeiras inclusive em programas de humor.
                Obviamente cada caso é um caso e nas recentes atitudes acredito que aconteceram as duas coisas. Primeiro o caso Tinga, que foi praticamente o estopim para a discussão: Não acho que tenha ocorrido racismo e sim a famosa “provocação” do futebol. Tudo aconteceu no Peru, aonde a cultura deles é diferente da nossa. Aqui o racismo é crime, já lá não. Achamos normal gritar “bicha” no estádio e porque pra eles tal atitude também não pode ter sido algo apenas provocativo? Dedé que jogou desde o inicio da partida não sofreu racismo e nem Júlio Baptista que entrou posteriormente, então porque só com o Tinga? É um pouco claro que “encanaram” com ele, talvez pelo seu cabelo exótico, não sei ao certo, pois não estava na mente dos torcedores do Real Garcilaso. O jogador entrou em um momento eufórico da torcida, cujo time peruano tinha virado o jogo um pouco antes.
                Vejo muita gente condenando baseando-se na nossa cultura, mas e se fosse uma atitude homofóbica como vemos muito nas arquibancadas do Brasil? De certo que ia passar batido. Supondo que tenha um jogo entre Cruzeiro e Boca Juniors no Mineirão e a torcida do Cruzeiro começa a gritar “maricon” para um jogador argentino que pareça ou tenha atitudes de homossexuais. Continuando na suposição, se homofobia na Argentina fosse crime, assim como racismo é no Brasil, e o governo do país e a AFA pressionassem a Conmebol para punirem o Cruzeiro, você acharia justo ou acharia que tudo não passou de uma brincadeira do futebol?
                É complicado não é mesmo? Mas no caso Tinga essa foi à impressão passada. Diferentemente do caso do juiz no Rio Grande do Sul que apitou o jogo entre Esportivo e Veranópolis. O maior problema não foi somente os gritos da arquibancada, mas sim, as bananas encontradas em seu carro no final do jogo. De certa forma, as provocações passaram do limite e do “calor de jogo” e poderiam até virar vandalismo, afinal colocaram uma banana, mas podiam muito bem riscar ou quebrar algo do carro do árbitro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário